Domingos Elias Alves Pedra

Todo mundo conhece o Dé. E depois deste campeonato estadual, todo mundo sabe que ele anda pelos lados da Rua Bariri, treinando o Olaria. O que pouca gente sabe é que o nome completo dele é Domingos Elias Alves Pedra, nascido no dia 16 de abril de 1948 (véspera do aniversário do Bangu) e pior, torcedor convicto do América.

Dé foi atacante de muito sucesso no Bangu dos anos 60 (entre 1967 e 1970) e depois regressou em 1980, ficando até 1981. Com isso, Dé totalizou 127 jogos, com 43 vitórias, 33 empates e 51 derrotas, marcou 34 gols e foi expulso duas vezes de campo.

Chegou ao Bangu após uma preliminar dos profissionais em 1966, quando fez três gols pelo Olaria num empate em 4 x 4. Em dezembro daquele mesmo ano foi contratado e se apresentou em Moça Bonita no dia 4 de janeiro de 1967. Diz que “teve sorte”, afinal Cabralzinho logo seria trocado por Mário Tilico, do Fluminense, e Ladeira , com a imagem desgastada no clube, “por ter corrido do pau na final contra o Flamengo”. Com isso, no dia 21 de julho de 1967, estreava entre os profissionais, pelas mãos do técnico Martim Francisco.

A partida inicial, contra o Fluminense, foi marcada por muita sorte do Bangu e de Dé. “Com 17 anos estreei contra o Fluminense e fiz gol no jogo em que Nelson Rodrigues criou a expressão do ‘Sobrenatural de Almeida’, pois tomamos uma pressão com sete bolas na trave, mas o Bangu saiu vencedor”. De fato, o Bangu ganhou por 2 x 0, mas o Fluminense “só” colocou quatro bolas na trave.

Dé ficou no Bangu até 1970, quando o clube sofreu imensa pressão para vendê-lo. Sem recursos financeiros, com o caixa em baixa, apesar de ser considerado “patrimônio do clube”, a diretoria não teve outra solução a não ser vendê-lo para o Vasco. Mas ele regressaria em 1980, quando o Bangu montou uma equipe de veteranos sob a chancela de Castor de Andrade. O retorno, no entanto, não rendeu grandes atuações e, ao final de 1981, ele deixou Moça Bonita.

Voltou em 1988 e em 1992 para dirigir o time de profissionais, sem qualquer sucesso.

Dois grandes momentos do atacante ocorreram em gols antológicos, quase folclóricos. O gol do gelo, em que atirou uma pedra de gelo na bola, que estava sob a posse do zagueiro Reyes, do Flamengo, e partiu sozinho para fazer o gol; e o gol da areia, quando numa cobrança de falta para a área, esperou o momento que o goleiro Andrada, do Vasco, saiu para fazer a defesa e atirou um punhado de terra no rosto do argentino. A bola entrou direto.