Emoção marca despedida de Carlos Renan do Bangu
Ídolo banguense entrega cargo de gestor da base e inicia nova etapa profissional no Flamengo
As lágrimas não puderam ser contidas quando Carlos Renan se dirigiu ao grupo sub-20 do Bangu anunciando sua saída do clube. Ele que vinha na coordenação de base alvirrubra se desligou do time da Zona Oeste neste fim de semana, após o jogo entre Fluminense e Bangu, pela primeira rodada do Campeonato Carioca da categoria. Agora ele escreverá uma nova página da sua história no Flamengo, clube que o formou como atleta e nesta semana o reencontra para atuar no Centro de Inteligência de Mercado (CimFla).
– É um sentimento dúbio. Me sinto feliz por esta oportunidade de ir trabalhar no Flamengo, porque é o reconhecimento de um trabalho que começou aqui no Bangu e sou muito grato a isso. São quase dez anos, tive um final de carreira como atleta aqui muito feliz. Foi um final digno de tudo que eu fiz aqui no clube – declara Carlos Renan.
Aos 36 anos Carlos Renan Bloise Serra está na galeria dos atletas marcados na história recente do Bangu ao lado de Marcão, Tiano, André Barreto e Almir. Sempre respeitado pela torcida por onde passa, não esconde o sorriso quando é cumprimentado por algum banguense pelas ruas da Zona Oeste. Claro, sua identificação com o clube foi se construindo conforme atuava com primazia e garra em campo, o que nunca lhe faltou.
– Conseguimos conquistar coisas boas para o clube e tive a oportunidade de ter começado aqui nessa carreira pós-atleta como auxiliar-técnico, depois como treinador e na gestão da base. Estou muito feliz porque foi o clube que me deu essa oportunidade de mostrar tudo aquilo que eu ia buscando a nível de estudo e capacitação – diz Carlos Renan.
– Sou eternamente grato ao Bangu, é um clube que eu amo e estará eternamente no meu coração. Agradeço ao Jorge Varela pela confiança, ao Mário Marques, meu mentor, que tem um coração enorme e sempre confiou em mim. Se encerra um ciclo. Não estarei no dia a dia, mas estarei sempre torcendo e acompanhando o clube.
De zagueiro exímio a gestor da base
O ex-zagueiro chegou no Bangu na pré-temporada do Campeonato Estadual de 2010 trazido pelo então técnico Marcelo Buarque, que o viu jogando pela Portuguesa-RJ. Tornou-se destaque no Alvirrubro durante a competição, tanto que recebeu proposta do Paços de Ferreira, de Portugal, para seguir para a Europa. Resolveu arriscar. Retornou em 2011, no segundo semestre, para disputar a Copa Rio. Seguiu impressionando. Em 2012, esteve no grupo que chegou na semifinal da Taça Rio depois de uma década sem disputar fases finais de turno.
A partir daí sua entrega acabava causando contusões, que viria ser um obstáculo nas suas atuações pelo Bangu. Mesmo que jogasse em poucos duelos por conta destes contratempos, quando estava escalado a braçadeira de capitão lhe era devidamente entregue e ele não decepcionava. Foi se esforçando até 2014, quando então o camisa 4 encerrou a carreira como atleta.
Suas pretensões ganharam novos contornos, Carlos Renan investiu em mais estudos e aplicou foco sua continuidade no futebol. Tornou-se membro fixo da comissão técnica do Bangu, recebendo em 2015 a missão de ser o técnico do time na Copa Rio.
Foi se aperfeiçoando e buscando seu espaço. Junto a Mário Marques, craque do Bangu nos anos 1980 e atualmente coordenador da base, iniciou o trabalho de gestor. Desde 2017 acompanhava as equipes sub-15 e sub-20. Em 2018 também agregou a equipe sub-17 aos seus cuidados, transmitindo um pouco de sua experiência na carreira de jovens atletas, que almejam trilhar caminhos de sucesso no futebol.
– Fica o sentimento de que fiz sempre o melhor para o clube. Acredito que deixo uma sementinha pois metas foram cumpridas. Saio de cabeça erguida e tranquilo. Procurei fazer o melhor que eu pude todos os dias, sempre com muita honestidade e amor pelo trabalho executado – encerra Carlos Renan.
João Carlos Gomes